Speranza

Há algum tempo eu havia desaparecido.
Não por completo, mas eu não era mais a mesma.
Não andava pelas ruas, não olhava por dentro das casas.
Ás vezes eu sentia que era chamada, e acordava exaltada.
Corria o mais rápido que eu podia, mas meus pés se afundavam no nada e eu percebia que o chamado era em vão.
Mas, naquele dia, foi diferente.
Eu já tinha ouvido falar, sabia que ele estava para chegar, mas até eu já havia deixado de acreditar.
Mas então ele chega.
Era noite, mas não uma noite qualquer.
Então ele finalmente chegou, e falou.
E veio a euforia.
E ele era a euforia.
Eu vi lágrimas, lágrimas que eu achava que nunca mais veria.
E então, eu vi pessoas.
E então eu vi novamente pessoas.
Eu voltei a enxerga-las por completo.
Eles eram adultos, jovens, eram brancos, eles eram negros, eram asiáticos, latinos, eram tantos, tantos!
Eu via todos eles.
Eu era todos eles.
Naquela noite, naquela inevitável madrugada, o sol nasceu forte em plena Times Square.
Eu não tinha certeza do que aquilo significava.
Só sabia que estava de volta.
Eu estava de volta, enfim.