domingo, 22 de março de 2009

"Um Certo Romance"

Havia presentes e flores sobre a mesa, mais com certeza não havia mas romance em volta deles. Eles bem que tentaram esse tempo todo, mas não dá para negar a verdade, eles eram espertos o suficiente para saber disso.

Ninguém sabia como tudo havia começado, nem eles ao certo. Só sabiam que desde sempre foram o casal perfeito. Um completava o que o outro dizia, um gostava da mesma coisa que o outro gostava e uma infinidade de outras coincidências. Os dois eram finos e inteligentes, faziam aquele casal que todo mundo ama, mas ao mesmo tempo, no fundo, todo mundo odeia. Ao perceberem como ficavam bem juntos eles se perguntaram “porque não?”, e voilà, feito mágica os dois eram amantes de longa data. Tudo num minimalismo impressionante. Então pra que se preocupar com isso? Romance é tão careta nos dias de hoje não é verdade? Eles já possuíam o que importava, então tudo certo não é? Mas o que ninguém realmente sabia, nem sequer imaginava é que, na realidade o romance não sumiu, ela apenas nunca compareceu naquela relação a dois.

- O-obrigada - Ela disse hesitante, olhando novamente para a mesa abarrotada de presentes, papeis, fitas e toda a sorte de apetrechos vistosos.
­- De nada - Ele disse seco e apático, olhando para as nuvens de chuva que se formavam. Seus joelhos estavam flexionados de forma tensa, suas mãos estavam pousadas sobre este e faziam o mesmo. Ele estava pronto para falar alguma coisa. Não, sem essa, ele sempre esteve pronto, mas nunca teve coragem o suficiente para isso...ah, a danada da coragem! Essa era uma palavra que ele não conhecia.

Ele resolveu se voltar para ela, que havia recostado no sofá do modo que sempre faz. Suas pernas cruzadas, seus lábios levemente abertos, seu cabelo
amassado pela própria cabeça encostada. Era inegável, ela era bonita e não deixaria de ser sensual nem se quisesse. Ela era dessas que um cara acordaria numa boa numa banheira de gelo só para passar uma noite com ela, e nunca perceberia que esta sem um rim ou coisa do tipo.

Já seu namorado não possuía uma beleza de outro mundo, seu grande status era apenas estar ao lado dela. Aquela relação era um jogo de status. Ele andava com ela pelo simples prazer de dizer que namorava a “melhor garota da cidade”, ela andava com ele pelo simples prazer de ser a melhor. Ela queria ser perfeita, e, aparentemente, conseguia. Não fazia muito sentido, mas quando há romance, em sua maioria, também não faz sentido.

- O restaurante estava cheio né? - ele tentou acabar com o silencio de mais de meia hora.
-É... – era a vez dela ser apática.
O silêncio estava preste a voltar quando ela resolveu arriscar:
- Como você aguenta?
- Como eu aguento o que? – seu interesse, agora, era claro. Ele já sabia o que era, mas acima de tudo sabia que era um tremendo de um masoquista dos infernos.
- Não se faça de idiota, você sabe do que eu estou falando. Como você consegue conviver com isso? Como consegue não se sujar com nada disso? Você sabe que eu te traio, não sejamos hipócritas, mas você ate hoje não tomou nenhuma atitude do gênero, nem manifestou algum desconforto com isso.

Ele bem que tentava durante esses anos transformar aquela relação em algo de verdade. Mas era impossível, ela nunca esteve ali. Ele já sabia das inúmeras vezes que ela o trairá, ele sabia das inúmeras vezes que ela simplesmente não atendia suas ligações. O que era uma amizade com um futuro promissor, se tornou em um romance forçado e, por fim, em um fiasco de primeira. E tudo pelos outros. Ouvir a confirmação do que já sabia era de tudo que ele precisava. A tal coragem havia chegado.

- Creio que nós deveríamos terminar, hoje, chega de arrastar essa merda.
­-Terminar comigo? – ela soltou uma risada eloqüente – Vai em frente, termine comigo logo no dia de hoje. Você não acha que vão soar estranho o namorado que sonhava em casa com a sua garota, construir um pequeno pesadelo matrimonial, terminar com a namorada logo hoje? Então vai, se ferra depois desse tempo todo, veja sua vida se transformar em um inferno, porque eu vou fazer questão de fazer isso, ninguém faz isso comigo. Só não diga que... – ela olhava fixamente para os olhos dele, seu ódio e sua raiva eram óbvios. Ela estava em transe, tendo mais um de seus surtos.

- Acho que a pequena perfeita não é assim tudo que pensam não é verdade? Como você consegue ser tão baixa e sentir-se tão prepotente? – ele esse levantou em um pulo, assustando a garota. Seus olhos serenos foram ao encontro dos olhos raivosos da garota. Seu corpo continuava tenso, como estava a tarde inteira. - Acho que a garota que todo mundo almeja não passa de uma pessoa ordinária, um Ser Humano normal, como qualquer outro. Um Ser Humano que chora, ri, erra, arrota, cai e se arrebenta. Você é medíocre, egoísta, egocêntrica, fraca, suja, nojenta, mas também capaz de ser incrível, inteligente, e absolutamente encantadora. Não queira escolher um lado só, eu também acabo de me descrever, acabo de descrever todos nós.
Ela permaneceu em silencio, digerindo tudo aquilo. Ninguém nunca falou isso para ela, ninguém chegou a essa ousadia.

- Como tudo começou mesmo? Digo, porque nós começamos com isso? Não esta tudo certo, precisamos mesmo de algo mais ou é só uma preocupação excessiva minha? – ela estava recuperando sue estado normal.
- Pelos outros, pelo o que as pessoas diziam e queriam, simples assim.
- Pelos outros?
- É...
- Vamos terminar então – ela disse com o olhar perdido – Eu não te suporto mais e você, pelo que parece, não me suporta mais também.
- Ok, se é isso que você realmente quer...- não, não havia sinceridade em sua afirmação.

Ele segurava os braços da namorada com força,
E depois ele a abraçou.
Ele a beijou pela primeira vez naquele dia. Eram oito da noite de um 12 de julho.
- Vai ficar tudo bem? – Ele disse soltando a garota.
- Vai.
Mas eles sabiam que não ia, no dia seguinte estaria tudo do mesmo jeito, sem romance em volta deles.
"And course it's all okay to carry on that way”

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Sim, eu não sou fã de dar títulos aos textos.
Inspirado livremente [com ênfase em “livremente”] na música “A Certain Romance”, apesar da música não falar sobre nada disso. Não ficou do jeito que eu queria, mas ta ai. Talvez da próxima espero que minha avó não entre no quarto de tempo em tempo para falar alguma coisa, isso brocha qualquer texto. Resumindo: me desculpem, ficou uma merda. Prometo fazer melhor depois.
Ah, sim, se alguem souber como fazer paragrafos decentes, para não ter que dar esses espaços me fala, eu to com uma preguiça enorme de procurar.

3 Zigoto(s) Feliz(es):

Unknown disse...

Não tá uma merda coisa nenhuma... Eu gostei! =)
Achei legal a descrição do seu personagem: "tremendo de um masoquista dos infernos", é a sua cara (até imaginei vc falando...) XD rsrsrsrs

Cakdy Ty. disse...

Ai Thayssa *¬*'' Vc e a Nathy sao mara X)Valeu

Nathy disse...

Não tá uma merda coisa nenhuma... Eu gostei! =)[2]
A Thayssa tem razão está ótimo o texto!Muito a sua cara e esses romances de faixada.mas quem sabe da próxima vez a sua vó não entra no quarto XP

E obrigada pelo elogio,vc tb é MARA!